sexta-feira, 25 de março de 2011

My Fear...

Não sabia ao certo o que fazia naquele lugar, tudo parecia manter-me mais e mais deslocada. Não havia espaço para meus cabelos desgrenhados, ou para minhas calças desbotadas. Não havia espaço para meus sentimentos sinônimos de angustias. Muito menos, não havia espaço para minhas agonias. Aquele definitivamente não era meu lugar, sequer sabia como havia parado ao meio de todas aquelas imagens surreais de pessoas sem defeitos. Pensava se era mesmo capaz de existir alguém assim. Notei que não. Deviam esconder embaixo de suas lágrimas, algumas mentiras, algumas impressões que omitiam. Apenas não era real. Nada ali demonstrava essa realidade.
Eu estaria sozinha agora, pois deixara para trás todo o tesouro que carregava escondido em cartas, as quais recebiam um lugar especial em meu baú. Eu estava ali, diante de uma nova história, diante de um novo futuro, e por mais que a tristeza estivesse já esculpida em minha face, uma certa melancolia rasgava meu interior.
Nesses últimos dias, acho que virei especialista em medo. Acho que já senti todas as emoções fortes que existem, mas o medo... O medo é a maior de todas. Nada é tão intenso, nem nos atinge tão profundamente quanto o medo. Ele toma conta da gente, como nenhuma outra emoção faz. É um tipo de doença, uma febre que nos domina e que maltrata o nosso corpo, e dói. Mas é uma dor tão profunda, que como todas as fortes dores possuem anestesia própria. Eu tenho meus truques para manter o medo sob controle, acho que cada um tem os seus, mas isso só funciona para os medos menores. Quando o medo de verdade invade a gente e o pânico abala nossos alicerces, não tem defesa que resolva. Porém, como John Marsden diz, prefiro sentir medo a sentir tédio. Pelo menos quando sentimos medo sabemos que estamos vivos. A energia corre pelo corpo da gente com tanta intensidade que transborda em forma de suor. O coração bate desenfreado dentro do peito, não sobra espaço para mais nada. A gente se esquece do amor não correspondido, se esquece do joelho que tomou uma pancada, e do dente que dói. Esquece do passado e esquece que existe uma coisa chamada futuro. Meu medo, esse medo do desconhecido que sinto agora, parece que omite minha identidade. Me sinto suicida, viciada em sentir pânico, me sinto sob o poder de algo mais forte do que eu. Quem sabe seja mesmo, ou não talvez. Apenas conhecerei o desconhecido quando chegar a hora. Ai talvez, o medo passe.

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